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Economia

EUA impõem tarifaço e pressionam exportações brasileiras

O aumento de tarifas sobre produtos nacionais acende o sinal de alerta no setor produtivo e reforça a necessidade de resposta estratégica por parte do Brasil.

LUCIO SILVA - 28/07/2025 11:32

A decisão dos Estados Unidos de elevar tarifas de importação para até 50% sobre diversos produtos ameaça diretamente setores estratégicos da economia brasileira. Segundo estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), caso o Brasil opte por retaliar, na mesma medida, as perdas podem chegar a R$ 259 bilhões no PIB nacional. Sem contramedidas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta uma retração imediata de R$ 19,2 bilhões, com impacto concentrado na indústria de transformação e no agronegócio.


As novas tarifas atingem em cheio as exportações de suco de laranja, café, carne, calçados, máquinas e equipamentos, setores que sustentam milhares de empregos e têm forte presença nas vendas externas para os EUA. Um estudo da UFMG aponta que até 110 mil postos de trabalho podem ser eliminados, principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A CNI também estima uma redução de R$ 52 bilhões nas exportações brasileiras, o que deve enfraquecer ainda mais o desempenho da indústria e do comércio exterior.


Embora os números projetados até aqui apontem para perdas relativamente limitadas no curto prazo — com impacto estimado de 0,16% no PIB e queda de 2,1% nas exportações totais, segundo a CNI —, o maior risco está na possibilidade de novas sanções, para além das tarifas, ou de uma escalada protecionista por parte dos Estados Unidos. Esse cenário, ainda que incerto, já gera instabilidade entre exportadores e investidores, com potencial para afetar decisões de produção e investimentos. A imprevisibilidade do ambiente comercial internacional representa, por si só, um obstáculo ao crescimento e à competitividade da economia brasileira.


Diante do cenário, o governo brasileiro avalia estratégias para mitigar os efeitos, como a diversificação de mercados e a intensificação de acordos bilaterais. A avaliação entre lideranças empresariais é que o tarifaço terá efeitos negativos também para a economia americana, ao encarecer insumos e desorganizar cadeias produtivas globais. Ainda assim, o momento exige cautela e articulação: medidas precipitadas podem aprofundar os danos e comprometer a recuperação econômica brasileira nos próximos trimestres.