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Economia

O pouso suave da economia brasileira

No horizonte, inflação e crescimento moderados

LUCIO SILVA - 03/10/2025 11:42

O debate sobre o chamado “pouso suave” da economia brasileira ganhou força nos últimos meses, à medida que indicadores apontam para uma desaceleração do crescimento após um ciclo mais robusto.


O Produto Interno Bruto mostra taxas menores, enquanto o crédito se retrai com juros elevados e a confiança de empresários e consumidores perde vigor. Esse movimento, contudo, não tem se traduzido em recessão ou em deterioração abrupta do mercado de trabalho, que ainda apresenta resiliência, sinal de que o ajuste na atividade ocorre de forma gradual.


O desafio das autoridades econômicas é permitir que essa desaceleração reduza as pressões inflacionárias sem comprometer os fundamentos do crescimento. Até aqui, o resultado é relativamente positivo: a inflação dá sinais de convergência, as expectativas vêm recuando e o câmbio se mantém mais estável, ainda que sensível às incertezas fiscais.


Trata-se, portanto, de um processo em que a política monetária cumpre seu papel de conter a demanda, mas sem provocar uma crise severa.

Esse equilíbrio, porém, é frágil. A dependência de fatores externos, como preços de commodities e condições financeiras globais, impõe riscos adicionais.

Internamente, a condução da política fiscal será decisiva: déficits elevados ou mudanças nas regras do arcabouço podem abalar a confiança e tornar mais difícil sustentar o pouso suave.


Por outro lado, reformas que aumentem a produtividade e estimulem investimentos em setores estratégicos podem suavizar o impacto da desaceleração.

O cenário base é de crescimento modesto, inflação mais próxima da meta e manutenção da estabilidade financeira, algo que, em comparação com episódios passados de ajuste abrupto, pode ser visto como um avanço.


Mas a concretização desse pouso suave depende, sobretudo, da capacidade de coordenação das políticas públicas e da preservação da confiança de agentes internos e externos.